VIDA ETERNA

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Quem nunca pensou sobre a eternidade, seja religioso ou não, quem nunca refletiu profundamente sobre ela e não se questionou como seria?

Vivemos a vida desejando que bons sentimentos se eternizem, desejando amor eterno, bem estar, abundância na eternidade. Desejamos estar com nossos entes queridos pela eternidade e como eu gostaria de reencontrar minha irmã Carolina e minha ex namorada Larissa na eternidade.

Mas toda essa beleza do amor eterno também não deixa de me perturbar. Afinal, a beleza do amor não vem também de vivermos boa parte da vida lutando por ele, de sofrermos parte do tempo pela sua falta, e no fim nos alegrarmos por conquistar a pessoa que amamos.



A própria paixão tem seu prazo de validade, ninguém vive constantemente apaixonado, ela acaba ou oscila com o tempo. As brigas muitas vezes potencializam o fogo da paixão e fortalecem laços de ternura. Mas porque brigaríamos na aparente perfeição da eternidade?

Parece artificial pensar que desejaríamos apenas uma pessoa por toda eternidade, que todas as outras não chamariam nossa atenção, porque no mundo real nós sabemos que por mais que estejamos felizes com alguém, não deixamos de ver a beleza e sentir atração por outras pessoas. Justamente escolhemos e nos apaixonamos por alguém, escolhendo entre tantas outras pessoas. Não estou falando que não acredito no amor e sim que a beleza do que sentimos vem justamente da diversidade e mudança dos nossos sentimentos.

Aqueles que hoje se sentem apaixonados podem dizer que é com essa pessoa que desejariam estar por toda eternidade, justamente porque desejamos que esse sentimento maravilhoso seja eterno, o ápice da paixão, da felicidade, de se sentir plenamente amado. Eu desejo isso também, mas não deixo de pensar que isso é apenas reflexo de toda uma vida que oscila entre a alegria e a tristeza, entre ganhos e perdas, entre sucessos e fracassos.



Mas penso também sobre as coisas simples. O que seria de mim na eternidade, poderia desejar comer doce de leite ou batata frita pelos infinitos dias. Meu corpo reagiria diferente? E toda nossa vaidade de treinar para ter um corpo bonito acabaria? Os vaidosos não herdarão o paraíso, mas e quanto aos cristãos que comem fast food desenfreadamente e acabam morrendo em decorrência de doenças crônicas? Na eternidade teríamos que comer apenas vegetais, frutas e alimentos saudáveis? Mataríamos animais para comer? Teríamos que trabalhar, plantar e tudo isso sem ter preguiça?

E todo nosso amor pelo conhecimento como seria, o mistério da origem do universo, da vida, tantas outras coisas que desconhecemos? Qual o sentido de continuar estudando se já sabemos que temos um DEUS que dá sentido a tudo, que explica tudo? Qualquer cientista morreria de tédio e os amantes da luta política e social teriam que arranjar outro sentido para a vida. Eles poderiam estudar as escrituras, mas durante toda a eternidade parece cansativo? Ou será que teremos prazer de cantar louvores a deus pela eternidade?

Deprimente para mim pensar que não poderia ler Nietzsche, Heidegger, Osho ou Sartre. Já tive tanto prazer em ler a bíblia, mas qualquer amante do conhecimento se cansa dela com o tempo. Além disso, na eternidade acaba o mistério da fé, Tudo já está revelado, a fé perde o sentido, porque então saberemos toda a verdade. Que grande tédio seria, é melhor nem pensar!



Dudu Haluch




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