TESTOSTERONA, ESTRADIOL E GORDURA ABDOMINAL (DUDU)

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Pq para alguns é tão difícil secar/emagrecer?

Tenho percebido que um dos fatores que podem ser muito importante para a queima ou acúmulo de gordura, é a sensibilidade que uma determinada pessoa tem ao estrogênio, particularmente o estradiol (E2), o estrogênio mais potente biologicamente. Na verdade já é de conhecimento de muitas pessoas que níveis de estradiol elevados favorecem acúmulo de gordura e retenção de água, e alguns usuários de esteroides acabam sofrendo com isso mesmo durante um ciclo, principalmente os que abusam de drogas que sofrem muita aromatização (testosterona, nandrolona, dianabol, mesmo hemogenin). Mas todos de alguma forma tendem a ganhar gordura após uso de androgênios, e isso ao meu ver está não só associado aos níveis elevados de estradiol pós-ciclo, mas acima de tudo aos baixos níveis de androgênios após um ciclo, ou seja, um desequilíbrio na relação androgênio/estrogênio, que nesse caso seria devido a sua testosterona natural estar suprimida, e levar um bom tempo para recuperação. Claro que esse ganho de gordura vai depender do metabolismo e da resposta individual de cada um aos hormônios.

“Nos machos, a testosterona é a principal fonte de estradiol no plasma, o principal estrogénio biologicamente ativo, apenas 20 % dos quais é segretado pelos testículos… A concentração no plasma de estradiol em homens é de 2-3 ng / dl e a sua taxa de produção no sangue é de 25-40 microgramas/24 h; ambos estes valores são significativamente mais elevados do que nas mulheres na pós-menopausa. Os níveis plasmáticos de estradiol não refletem necessariamente a atividade em nível de tecido já que estradiol perifericamente formado é parcialmente metabolizada in situ (no local); assim, nem todo entra na circulação geral, com uma fração restante apenas localmente ativo. Entre os fatores que influenciam os níveis de estradiol no plasma, a testosterona no plasma é um dos principais determinantes. No entanto, a diminuição associada com a idade nos níveis de testosterona é pouco refletido em níveis plasmáticos de estradiol, como um resultado do aumento da atividade da aromatase com a idade e o aumento associado com a idade em massa de gordura. Os níveis de estradiol livre e biodisponível diminuem modestamente com a idade, assim como a proporção de testosterona livre ao estradiol livre, o último testemunhar ao aumento da aromatização associado à idade de testosterona. Os níveis de estradiol são altamente significativamente positivamente relacionados com a massa de gordura corporal e, mais especificamente, a gordura abdominal subcutânea, mas não a gordura visceral (omental). De fato, a atividade da aromatase em gordura visceral é apenas um décimo da atividade em gordura glútea. Os estrogénios em homens desempenham um papel importante na regulação do feedback de gonadotrofinas, várias funções cerebrais, maturação óssea , regulação da reabsorção óssea e no metabolismo lipídico. Além disso, elas afetam o metabolismo da pele e são um fator importante para determinar o interesse sexual no homem [1].”

Como podemos perceber homens mais velhos e obesos tendem a apresentar uma diminuição da relação testosterona/estradiol (T/E2):



“Os homens obesos têm níveis elevados de estrona (E1) e estradiol livre e total, e os níveis subnormais de testosterona livre e total e de FSH; todas estas anormalidades são proporcionais ao grau de obesidade. Eles também têm níveis de LH relativamente subnormais, ou seja, normal, em face de hipotestosteronemia (baixa testosterona). A combinação destes resultados representa um estado de leve hipogonadismo hipogonadotrófico (HHG), o que acreditamos ser induzida pelo hiperestrogenemia (estrogênio elevado). 6 ) A normalização dos níveis de estrogénio de homens obesos, por supressão de secreção adrenocortical de substratos de aromatase ou por inibição de aromatase, tende a normalizar o HHG. 7) a perda de peso maciça em homens obesos normaliza seu HHG sem qualquer diminuição nos níveis de estrogênio de plasma [2].”

“Obesidade mórbida é associada com um aumento da produção de estradiol como um resultado da conversão dependente da aromatase da testosterona em estradiol. Os elevados níveis de estradiol no soro pode inibir a secreção de LH hipofisária a tal ponto que o hipogonadismo hipogonadotrófico pode resultar. A normalização do balanço de estradiol-testosterona perturbado pode ser benéfica para reverter os efeitos adversos do hipogonadismo [3].”

Não só os níveis de estradiol elevados estão associados a massa de gordura, mas também os baixos níveis de testosterona, como já dito anteriormente:



“Estudos recentes em homens demonstraram que a gordura abdominal aumenta com a idade e diminuindo as concentrações de testosterona. Além disso, em culturas de células, a testosterona expressa um potencial aumentado lipolítico (queima de gordura) e deprime a atividade da lipoproteína lipase (LPL) em células adiposas. Estas características metabólicas são encontrados no tecido adiposo abdominal em homens jovens. A fim de verificar se as massas de gordura abdominal em homens de meia idade moderadamente obesos pode ser diminuída pela testosterona, o hormônio foi dado ou como uma única injeção (500 mg) ou em doses moderadas (40 mg x 4), durante 6 semanas em uma preparação oral, não metilado. Quando medido uma semana após a dose única, LPL abdominal tendeu a diminuir. Após 6 semanas uma redução dramática da LPL abdominal foi encontrado, bem como um aumento na capacidade de resposta lipolítica à norepinefrina, ambas as mudanças confinados apenas à região abdominal, e regiões não femorais do tecido adiposo. A circunferência da cintura/quadril diminuiu em 9 dos 11 homens examinados. Sem efeitos adversos foram observados em variáveis comportamentais, pressão arterial, os valores de triglicérides ou colesterol e testes de função hepática. Estes resultados preliminares sugerem que a administração de testosterona , em doses moderadas de homens de meia -idade levar a adaptações do metabolismo do tecido adiposo deverá ser seguido por uma diminuição da massa gorda [4].”

Um estudo também demonstrou que o uso de esteroides androgênicos (oxandrolona) reduziu a gordura abdominal em homens obesos:

Oxandrolona oral diminuiu a gordura abdominal subcutânea mais que TE (enantato de testosterona) ou perda de peso sem uso de hormônios, e também tende a produzir mudanças favoráveis na gordura visceral. TE e ASND (nandrolona decanoato parenteral) injeções dadas a cada 2 semanas teve efeitos semelhantes a perda de peso sem uso de hormônios em gordura corporal regional. A maioria dos efeitos benéficos observados no metabolismo e nos fatores de risco cardiovasculares, deveram-se a perda de peso em si. Estes resultados sugerem que gordura abdominal subcutânea e visceral pode ser modulada de forma independente por androgênios e que pelo menos alguns esteróides anabólicos são capazes de influenciar a gordura abdominal [5].”



O ponto onde quero chegar basicamente, e que pode ser útil tanto para pessoa com dificuldade de perder gordura (principalmente abdominal), como para fisiculturistas que estão em uma fase avançada de sua preparação (onde precisam atingir um percentual de gordura tão baixo como 4-6%), é que você sempre deve estar atento a relação androgênio/estrogênio, ou para os naturais, sua relação testosterona/estradiol (T/E2). Isso não quer dizer que você tenha que se entupir de androgênios ou inibidores de aromatase, mas antes de tudo evitar um grande aumento do estrogênio em relação aos androgênios. Veja que existem muitas pessoas que abusam continuamente de esteroides androgênicos, e mesmo usando anti-estrogênicos essas pessoas têm grande dificuldade de reduzir sua gordura abdominal. Não é qualquer pessoa que se dá bem com altas doses de testosterona, e muitos atletas continuam secando mesmo com níveis elevados de estradiol, porque a resposta individual e o metabolismo de cada um é diferenciado. De qualquer forma, na maioria dos casos, não é difícil identificar quem sofre com essa dificuldade de perder gordura abdominal (o conteúdo do depósito específico de receptores estrogênicos ER pode ser um determinante importante subjacente dos efeitos regionais do estrogênio no corpo do tecido adiposo superior e inferior [6]), mas um exame hormonal completo (prolactina, E2, testosterona total e livre, SHBG, LH, FSH, insulina, etc), principalmente uma comparação dos níveis de testosterona total e estradiol é fundamental para ter uma visão melhor da situação. Mesmo para atletas que precisam atingir um percentual muito baixo de gordura seria interessante observar se em algum momento existe uma maior dificuldade de perda de gordura, e se uma alteração na relação androgênio/estrogênio pode ser válida para potencializar a queima de gordura. Treinadores e atletas mais experientes de fisiculturismo já fazem isso quase que instintivamente durante uma preparação contest, apelando para o uso de inibidores de aromatase, SERMs, ou mesmo reduzindo a dose de de esteroides androgênicos que sofrem muita aromatização, como a testosterona.

[1] Estradiol in elderly men.
Vermeulen A1, Kaufman JM, Goemaere S, van Pottelberg I.
Aging Male. 2002 Jun;5(2):98-102.

[2] Hormonal abnormalities in obesity.
Zumoff B. Acta Med Scand Suppl. 1988;723:153-60.

[3] Letrozole normalizes serum testosterone in severely obese men with hypogonadotropic hypogonadism.
de Boer H1, Verschoor L, Ruinemans-Koerts J, Jansen M. Diabetes Obes Metab. 2005 May;7(3):211-5.



[4] Effect of testosterone on abdominal adipose tissue in men.
Rebuffé-Scrive M1, Mårin P, Björntorp P. Int J Obes. 1991 Nov;15(11):791-5.
Dose-dependent effects of testosterone on regional adipose tissue distribution in healthy young men.
Woodhouse LJ1, Gupta N, Bhasin M, Singh AB, Ross R, Phillips J, Bhasin S.
J Clin Endocrinol Metab. 2004 Feb;89(2):718-26.

[5] Oral anabolic steroid treatment, but not parenteral androgen treatment, decreases abdominal fat in obese, older men.
Lovejoy JC1, Bray GA, Greeson CS, Klemperer M, Morris J, Partington C, Tulley R.
Int J Obes Relat Metab Disord. 1995 Sep;19(9):614-24.

[6] Estrogen receptor protein content is different in abdominal than gluteal subcutaneous adipose tissue of overweight-to-obese premenopausal women.
Gavin KM1, Cooper EE, Hickner RC. Metabolism. 2013 Aug;62(8):1180-8. doi: 10.1016/j.metabol.2013.02.010. Epub 2013 Apr 1.



abraços, DUDU HALUCH




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