GINECOMASTIA e ESTEROIDES (DUDU)

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A ginecomastia, caracterizada por um excessivo crescimento da glândula mamária masculina, é um dos colaterais mais comuns dos esteroides anabolizantes. O aumento do tecido glandular deve ser distinguido do acúmulo excessivo de tecido adiposo (lipomastia); tecido glandular é firme e contém cordões do tipo fibroso [1].

Ginecomastia induzida pelo uso de esteroides androgênicos acontece basicamente pelo grande desequilíbrio hormonal causado por essas drogas. Alguns esteroides podem sofrer aromatização (testosterona, nandrolona, dianabol, boldenona), que é a conversão de testosterona em estradiol através da enzima aromatase.

“O mecanismo patogênico básico da ginecomastia é o desequilíbrio na relação entre estrógenos e andrógenos” [2]



Níveis de estradiol

Por isso é importante deixar claro que níveis elevados de estradiol não necessariamente vão provocar ginecomastia (se níveis de testosterona também estão elevados), assim como níveis de estradiol dentro dos valores de referência podem causar ginecomastia se níveis de testosterona estão baixos (como pode ocorrer em um pós-ciclo de esteroides). O desequilíbrio na relação androgênio/estrogênio, ou no caso do uso de esteroides androgênicos, o desequilíbrio na relação testosterona/estradiol (T/E2) é a principal causa da ginecomastia.

Os principais sintomas de ginecomastia são: aumento uni ou bilateral concêntrico do tecido glandular mamário; 25% dos pacientes apresentam dor no mamilo e cerca 40% apresentam sensibilidade local; secreção drenando pelo mamilo é obtida em 4% dos casos.

O exame histológico demonstra que a ginecomastia quase sempre é bilateral, embora grosseiramente possa ser detectada apenas em um lado. A ginecomastia crônica em geral é assintomática (sem sintomas), com as maiorias das queixas sendo de cunho cosmético [3].



Além da anamnese (entrevista) e do exame físico para avaliar o paciente, os exames laboratoriais devem incluir dosagens dos níveis hormonais séricos de testosterona total, estradiol, hormônio luteinizante (LH), hormônio estimulador da tireoide (TSH) e tiroxina livre (T4L), hCG e prolactina. Na ginecomastia causada pelo uso de esteroides, os principais exames são testosterona total, estradiol e prolactina.

Níveis de prolactina

Além de elevar níveis de estradiol, esteroides também parecem elevar níveis de prolactina, indiretamente por aromatização ou mesmo por alguns esteroides apresentarem algum tipo de atividade progestênica (trembolona, nandrolona, hemogenin). Parece que esses esteroides (conhecidos como progestinas) atuam como antagonistas nos receptores de progesterona impedindo que a própria progesterona possa agir nos receptores e cumprir seu papel, aumentando assim os níveis de prolactina (uma coisa que causa aumento da prolactina são baixos níveis de progesterona) [4].

O aumento de prolactina não significa necessariamente que você vai desenvolver ginecomastia de acordo com a pesquisa. O estudo (J Clin Endocrinol Metab 1988 Jan; 66 (1) :230-2) mostra que a progesterona funciona sinergicamente com o estrogênio, para estimular a produção de mama. De acordo com (Clin Biochem 2001 Nov; 38 (Pt 6) :596-607), a prolactina só tem um efeito estimulante sobre ginecomastia na prescença de altos níveis de estrogênio circulantes.



Testosterona que aromatiza ao estrogênio causa aumento da prolactina de acordo com (Acta Endocrinol (Copenh) 1984 fevereiro; 105 (2) :167-72). No mesmo estudo, Clomid (clomifeno) e novaldex (tamoxifeno) mostrou uma redução em níveis elevados do homem de prolactina. Não há nenhuma evidência de pesquisa que aponta para o desenvolvimento das mamas por progesterona e prolactina ou ambos sozinhos ou decorrentes do uso de esteroides aromatizantes, sem altos níveis de estrogênio circulantes [5].

Inibição que a prolactina provoca na secreção de gonadotropinas

Algumas fontes afirmam que a ginecomastia por prolactina não é causada pela ação direta desse hormônio no tecido mamário, e sim pela inibição que essa provoca na secreção de gonadotropinas (LH e FSH) [2]. Os relatos de usuários de esteroides (principalmente de trembolona e hemogenin) parecem indicar uma atividade da prolactina no tecido mamário (com possível secreção de líquido, mamilo inchado, leve acúmulo de gordura, e também variação no tamanho da aréola com a temperatura).

Baseado no conhecimento científico e principalmente nos relatos de muitos usuários de esteroides criei uma escala que avalia o potencial risco de ginecomastia por diferentes esteroides androgênicos e também o potencial de diferentes drogas usadas para combater ginecomastia (SERM’s, inibidores de aromatase, agonistas dopaminérgicos).



– Escala HALUCH:

  • +3: alto risco de ginecomastia, muitos relatos
  • +2: risco médio, poucos relatos, mas bem conhecidos
  • +1: risco muito baixo de ginecomastia, na maioria dos casos sem relatos
  • 0: droga que não causa ginecomastia, nem combate a gineco
  • -1: droga que combate ginecomastia com eficiência baixa ou desconhecida
  • -2: droga que combate a ginecomastia de maneira eficiente
  • -3: droga mais poderosa para reverter ginecomastia

Drogas que causam ou combatem a ginecomastia de origem estrogênica (aromatização):

Drogas que causam ou combatem a ginecomastia por possível aumento da prolactina:

Esteróides que não causam ou combatem a ginecomastia:

O tratamento padrão para ginecomastia causada por esteroides (e no tratamento geral prescrito por médicos) é o uso de tamoxifeno em doses de 20 a 40mg por dia, ou clomifeno em doses de 50 a 100mg por dia. Na verdade a recomendação médica provavelmente seria cessar o uso dos esteroides nesse caso. Inibidores de aromatase também são comuns, com doses muito variáveis, uma vez que o controle da aromatização usando esteroides fica muito complicado, ainda mais sem um acompanhamento frequente de exames hormonais.

Doses

A dose terapêutica padrão para essas drogas é de um comprimido por dia (anastrozol 1mg, letrozol 2,5mg, exemestano 25mg), o que pode gerar um grande desequilíbrio hormonal e colaterais agressivos (baixa libido, baixa imunidade) principalmente para um usuário de esteroides. Para ginecomastia causada por prolactina a dose média de bromocriptina é de 1,25mg a 2,5mg duas vezes por dia e a dose média de cabergolina é de 1 a 2 comprimidos de 0,5mg por semana.

O tratamento cirúrgico (mamoplastia) deve ser considerado por motivos estéticos em pacientes com ginecomastia crônica (predomínio de tecido fibrótico, em geral com mais de 1 ano de duração) e naqueles que não responderam à terapia medicamentosa. A mamoplastia é bastante empregada atualmente, entretanto, necessita de um cirurgião experiente para se obter resultados estéticos satisfatórios [2].



Abraços, DUDU HALUCH.

REFERÊNCIAS:

[1] Willians Tratado de Endocrinologia, 11ª edição.

[2] Endocrinologia Feminina e Andrologia, Ruth Clapauch.

[3] Endocrinologia Básica e Clínica, De Greenspan, 9ª edição.

[4] Ginecomastia por Prolactina
http://fisiculturismo.com.br/forum/topic/98772-ginecomastia-por-prolactina/
http://gravidez.mamaeonline.com/prolactina-elevada/

[5] Diferentes tipos de GINECOMASTIA (DUDU)
http://treinoinsano.com.br/novo/index.php?%2Ftopic%2F1823-diferentes-tipos-de-ginecomastia-dudu%2F

[6] Ginecomastia, grau de risco (DUDU)
http://www.musculacaototal.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=6841&sid=50fdcf87abaee8731d92532408f1ea5d

[7] Endocrinologia, E. P. Guedes, R. O. Moreira, A. K. Benchimol.




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